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No blogue escrevo meus próprios textos (contos, crônicas, poemas, prosa poética) e também sobre os mais variados assuntos: literatura, cinema, viagens, gastronomia, amenidades, humanidades, música. Tudo que me toca. E que possa tocar os leitores.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Quando o coração quer mais


4a Estação. Foto de Raquel Matsushita.

Quando chega o outono, não são só as folhas que caem, amarelas, forrando o chão. O coração também tem escamas, que ele as derruba no outono, deixando ver apenas aquele límpido cristal vermelho que batuca, galopa, anseia, sonha, espera, esperança Bliss (Catherine Mansfiled, e quer mais.

sábado, 24 de março de 2012

Quando o coração quer mais

Outono

Dia de outono,
sol frágil
e delicado
faz o degelo.

Aquecido,
o coração quer mais.
E há de ter...

(4a estação.[meu minilivro que anda solto por aí....] Design de Raquel Matsushita.)


Foto de Raquel Matsushita

Quando do coração quer mais

Outono

Dia de outono,
sol frágil
e delicado
faz o degelo.

Aquecido,
o coração quer mais.
E há de ter...

(4a estação.[meu minilivro que anda solto por aí....])

domingo, 11 de março de 2012

Neste altar pós-moderno

Por que Safo escrevia. Cantava sua menina. A pequena Cleis, sua adorada filha. Cantava seus amores. E clamava e pedia aos deuses que olhassem e ouvissem suas preces. Na Grécia Antiga, sua escrita delicada e marcante era seu templo.
Eu construo meus pensamentos aqui e vou tentando compor um mosaico do que sou. E apresentar o que gostaria de ser, mas não sou. E mostrar que acredito em muitas coisas que estão perdidas, mas não para mim... Deuses, Olimpo, minha pequena Cleis: Isadora. Aqui é meu altar, este que não tem colunas gregas nem céu azul, nem aquele azul-profundo do mar. Nem meus textos têm o poder dos textos míticos de Safo. Sequer serão encontrados em fragmentos nas areias do Nilo. Mas às vezes eu faço daqui, deste universo que me escapa das mãos, o poder das minha oração.

Quem acredita em educação. levante a mão

sexta-feira, 9 de março de 2012

Não importa onde eu vá

"O meu ministério adverte: acesse o youtube, Vivaldi será boa companhia neste post: http://www.youtube.com/watch?v=eH4oGJcCzdM"

As doces asas da juventude me levaram longe. Fui uma adolescente sonhadora, ágil, sorridente, rapidíssima para executar coisas, vida fluindo e pulsando, amigos, livros, discos, teatro, cinema, um futuro que doía na ponta do osso esterno. Não sabia por quê.
Eu corria, fazia mil coisas, estudava mais do que podia, vivia mais do que podia. Adorava o românticos da literatura. Minha ficha na biblioteca se preenchia em semanas. Elas eram grampeadas umas às outras, cheias de títulos... Achava que morreria cedíssimo como Castro Alves. E deixaria poemas a ser publicados. Olhava o céu à noite, e pensava que seria uma cientista da medicina que moraria em Londres. (Ué? Eu não ia morrer cedíssmo? -- A ambiguidade da juventude e do ser...)
Algo gritava dentro de mim, e minha alma corria mais veloz, ia na frente, adiante de meu corpo. Queria mais do que eu podia lhe dar... Então, havia uma cisão. E havia uma dor. Quando a alma arrasta seu corpo e quer que você vá mais rápido do que você consegue; e dói. Na mente. No coração. E naquele ponto do osso esterno que eu mencionei. Parece que ali é onde a alma se prende no corpo, e ali é o ponto.
Quando doía, eu não me importava, eu tinha 16 anos e um mundo diante de mim. Os livros todos para ler. As músicas todas para descobrir. O teatro a assistir e o cinema... O mundo. Aos 30 anos, doía, mas havia uma filha que precisava das necessidades básicas de uma mãe, e eu tentei me manter de pé e viva. E mandei minha dor passear um pouco com minha alma, para acalmá-la um pouco. Talvez um pouco dos ares de Campos de Jordão lhe fizessem bem...
Aos 40, a vida era toda uma dor estranha, mas eu pensei que eu poderia ir morar em Londres enfim, aquele velho projeto dos 16 anos... Enfim estudar a literatura inglesa in loco. Aquilo que eu não pudera fazer antes por inúmeras questões. Algo palpável, literário, para aquietar a minha dor... Mas pulei este plano. Preferi acompanhar a terceira idade de meus pais, a faculdade de minha filha, investir mais na minha carreira, e me aquietei.
Hoje, enquanto escrevo este texto, a dor no esterno cutuca a alma que quer cruzar o Atlântico, quer voar, quer inúmeras coisas... O esterno é meu termômetro. Era já quando eu tinha 16 anos e era uma adolescente já madura que sabia já algumas coisas da vida. Ele doía, mas eu tinha aquele horizonte azul límpido das doces asas da juventude que nos confortam na tenra idade... Parecia que havia saída, eu me safaria.
Mas agora, sabendo tudo que sei, tendo visto tudo que vi, encastelada, agora, eu sei que não importa onde eu vá, não importa o que eu faça, essa dor estará sempre comigo.
Há coisas que nascem conosco e nos acompanham. Como essa minha dor no esterno, e essa minha alma que me escapa, que tenta ser mais, muito mais do que consigo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

8 de março: a Lucy e a Valentina, que há em todas nós

De Guido Crepax, a personagem Valentina, minha favorita dos quadrinhos

Se há uma coisa que eu sou, e somos todas -- vejo minhas amigas e colegas no trabalho --, é um ser eclético, que pode ser várias coisas e fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Vejam: posso editar um texto, posso escrever um poema delicado, fazer uma tradução do francês ou do inglês, revisar uma tradução, ler um texto em espanhol (capengamente), fazer uma revisão de um texto de dramaturgia -- parece sofisticado? --, mas olhem que mundano o contexto: tudo isso, ao mesmo tempo, pondo roupas na máquina de lavar, separando no programa "delicados" aquelas de que mais gosto, tendo cuidado com as peças que paguei mais caro... Ou tirando congelados para preparar o almoço de minha filha que vai para a faculdade: ponho tudo pra fazer e me sento diante do PC para trabalhar. Quando ouço que a máquina terminou seu ciclo, vou lá, e estendo. O mesmo para a comida, que Isadora adora ter quentinha e pronta na mesa da sala de jantar numa mesa bonitinha que arrumo... O olho no relógio-despertador herança de minha avó (ela também à frente de seu tempo, avant-guarde), que fica na sala de jantar (tique-taque), porque às 12h40 tenho que sair correndo para o trabalho na editora com a qual tenho contrato até abril! (Ufa!) Vai dar tempo? Vai, claro que vai.
São três jornadas: os freelas pela manhã, a editora à tarde e o terceiro round à noite até umas 23h. É mole? Não... É bem duro, confesso, mas é assim que consigo os pequenos luxos femininos, por exemplo, comprar a nova edição de Valentina, de Guido Crepax... :-)
Mãe, profissional, dona de casa, leitora, mulher cheia de mimos, tudo ao mesmo tempo.
Também pode ser meio Chapolim-Colorado, quando no mercado de trabalho, mesmo hoje, século XXI, somos tratadas como 'bonequinhas de luxo', ou apenas como assistentes dos 'verdadeiros' profissionais, em geral, do sexo masculino. Como num episódio de I love Lucy -- o impagável seriado com Lucille Ball e Desi Arnaz, que me divertia muito na infância, e do qual tenho alguns episódios em DVD, e que confesso ainda me divertem muito! --, em que Lucy quer provar a Rick Ricardo, seu marido, que pode ganhar dinheiro fazendo comerciais de TV ao vivo! De um elixir...
No programa de TV que ele, Rick, apresenta! Ele, claro, é contra, mas ela insiste, e vai acompanhada de sua melhor amiga. Bem, não preciso dizer que é hilário o desfecho: o tal elixir tem uma dosagem de álcool, e como ela tem que entrar ao vivo muitas vezes, ela acaba se embebedando, e fim da carreira de moça de comerciais de Lucy, e de seu dinheirinho próprio!!
Tirando todos os excessos, os exageros cômicos, os maneirismos de época, podemos trazer a tragicomédia de Lucy para nossos dias: muitas mulheres se dão mal -- ou porque não conseguem ainda se libertar da imagem de mulher e mãe num casamento, ou porque quando se libertam o mundo lhe é hostil, como se dissesse: "Não era isso que você queria, liberdade? Tome, numa bandeja de prata, meu bem!"
Apesar de todas as mudanças, que ocorreram muito rapidamente se pensarmos dos anos 1950 para cá (é pouquíssimo tempo em relação à história da humanidade), e me sinto muito à vontade no mundo, muito mesmo, ainda o mundo é hostil com a mulher em algumas situações e em alguns lugares. Seja porque somos mais fracas e delicadas fisicamente, seja porque ainda sejam frescas e recentes nossas aquisições, portanto, muitas vezes sejam cumpridas apenas da porta para fora, ou apenas socialmente... Mas os ganhos são enormes, as liberdades são infinitas e inúmeras, apesar do preço. Temos muito o que comemorar.

Lucille Bal em um episódio de I love Lucy, "Lucy faz um comercial".


Mas apesar de tudo também há uma Sandra que é lânguida, como todas as mulheres, que frequenta a Jogê, e às vezes usa os emolumentos das edições, revisões, preparações, coisas que o valham, para estar bonita para si, para si(!) e se tornar aquela outra sandra, que é um pouco Valentina. Que não lava uma peça, que se lixa para comida na mesa, que dá uma banana para uma casa arrumada! Essa mulher é um replicante, e se destaca de nós, mesmo depois do cansaço do dia de trabalho exaustivo, e como uma leve nuvem desenhada de nossa silhueta, é outra, leve, em forma de desejo. Esta Valentina que que surge como fênix, apesar da mãe, da dona de casa, da profissional que teve uma jornada incessante, faz parte deste nosso ser ambíguo, que consegue ser vários em um.
No mínimo, somos duas, para podermos ser tudo isso que somos. E quase ninguém repara nisso, tão natural consideram que isso é: fazer 30 coisas ao mesmo tempo. E dar conta!
Dizer parabéns? Para quê? Nós mulheres sabemos a delícia de sermos o que somos... Esta mulher mezzo "I love Lucy", mezzo Valentina...

Valentina, de Crepax, em close

quarta-feira, 7 de março de 2012

A dor de Frida: pode ser a sua ou a minha

A bela, exótica, inteligente e criativa Frida khalo




"Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria." (Frida Khalo)

Recuo de meu dia... Francisco Alvim

Preciso respirar... Abro a janela, sopra um vento, forte, frio, e os sons da cidade invadem minha casa.
Eu preciso parar, eu preciso 'live a little', como me diz aquela que saiu de mim... Quero correr o mundo, os mares, ser tocada pelo Sol, brincar com flocos de neve. Live a little. O tempo agora urge. Sinto isso. Quero mais coisas do que a vida tem me oferecido, apesar de eu achar sincewramente que tenho muito. Mas sou... uma mulher... complexa, não é mister Hide? Ah... você sequer sabe que é Mr. Hide! Primeiro porque é muito sofisticado este seu apelido. Segundo que você lida mal com internet! :-)
Jamais leria meu blogue. Por isso, leitores, Mr. Hide e o selvagem da alta velocidade de corpo escultural são os únicos citados e mencionados aqui -- ambos não navegam na internet. Por isso me sinto à vontade para torná-los personagens de meus textos mezzo verdade, mezzo carochinha... No entanto, todas as outras figuras de minha vida não aparecem aqui, para não se sentirem constrangidas. Nem uma cena, nem uma história, nada. Apenas minhas próprias confusões, frustrações, tristezas, alegrias etc. Ser discreto é a alma do negócio nessas coisas de amor...
Como no caso de Mr. Hide e do selvagem da velocidade e dos treinos de lutas marciais não podemos chegar sequer perto de um esboço de algo, além do detalhe de seu completo não acesso a meu blogue, não considero antiético falar disso, eles jamais se encontrarão em meus textos... E ninguém sabe de quem estou falando. Não há menção a nomes...
Mas voltando... sou uma mulher complexa, segundo Mr. Hide... A vida me oferece bastante, mas vivo a ambiguidade de querer outras coisas...
Quero viver mais, trabalhar menos, mas ter dinehiro para viver mais, trabalhando menos... Confuso?
Preciso de férias, mas preciso trabalhar mais uns meses para ter mais dinheiro para ter férias decentes... Uma confusão de uma mulher... complexa.

No apogeu da confusão, tudo que mais quero é recuar, sentir a brisa com cheiro de mar, sentar na pedra do Arpoador, ouvir o estraçalhar das ondas. Ser feliz.
Um pouco de poesia...

"Recuo de meu dia para ver-te
e toda a claridade que me trazes

Não te busco
Não saberia encontrar-te
Estás onde o acaso te situa
e és a mesma embora outra me apareças
sempre a resgatar-me
com a vida que vem de tua face."

(Franscisco Alvim)*

* Poema que conheci graças a Magu Castanho, que me leva a certos recuos-brisa dos meus dias, me apontando livros e textos e obras de arte...

Um presente que não tem preço: uma tradução de Gil Pinheiro do poema de Paul Verlaine

Estou cansada esta semana. Física e emocionalmente. Mas há coisas boas que vão caindo na minha caixa de e-mails emocionais... podemos chamar assim?
Abro o facebook, e tenho uma mensagem assim de Gil Pinheiro, o querido. Uma tradução de sua espada de samurai, para mim, mas o meu prazer me impulsiona a dividir com todos, cokm o mundo (afinal, tenho meus seguidores da Rússia, acreditam?):

"Sandrinha,

Não gostei da tradução que publicou [ele se refere a "O triste triste etait mon ame, à cause à cause d'une femme", de Paul Verlaine] e, fã do pai dos "maudits", fiz esta versão para você. Se gostar, tem o crédito que lhe faltava. Se não gostar, desça a lenha que não brigaremos por isso. Beijão, moça.


Ah triste, triste, a alma só quer
Chorar, chorar uma mulher

Que o coração abandonou,
Mas sem sossego me deixou.

E a alma e o coração nem sequer
Por perto estão desta mulher

Que o coração abandonou,
Mas sem sossego me deixou.

E assim o coração, sensível,
Pergunta à alma: será possível,

Será possível esta ânsia,
Este penar mesmo à distância?

E a alma responde ao coração:
Sei lá o que causa esta ilusão

De, estando longe, estar tão perto,
Por mais que entremos no deserto.

(Tradução de Gil Pinheiro do poema de Paul Verlaine, "O triste triste etait mon âme, à cause à cause d'une femme", que publiquei em um post da semana passada, e desprovida de uma boa tradução, anexei uma portuguesa ruim, apenas para guiar os leitores...).

Aqui incluo o poema em francês, para deleite da veludez dos sons...

Ô triste, triste était mon âme...

Ô triste, triste était mon âme
A cause, à cause d'une femme.

Je ne me suis pas consolé
Bien que mon coeur s'en soit allé,

Bien que mon coeur, bien que mon âme
Eussent fui loin de cette femme.

Je ne me suis pas consolé
Bien que mon coeur s'en soit allé.

Et mon coeur, mon coeur trop sensible
Dit à mon âme : Est-il possible,

Est-il possible, - le fût-il -
Ce fier exil, ce triste exil ?

Mon âme dit à mon coeur: Sais-je
Moi-même que nous veut ce piège

D'être présents bien qu'exilés,
Encore que loin en allés ?

Paul Verlaine (Romances sans paroles)

terça-feira, 6 de março de 2012

Dica de leitura: Cansaço, a longa estação, de Luiz Bernardo Pericás

Capa do livro Cansaço, a longa estação

Bem, a história é longa, mas vou resumir.
O bom da vida é conhecer pessoas e estabelecer relações com elas. Foi por meio do meu trabalho que conheci muitos de meus amigos (fora dele também). Num desses encontros, conheci o Pericás, há cerca de dez anos, e apesar de a vida ter me levado pra lá e pra cá, e o ter levado para outros países inclusive, e por isso termos ficado distantes, sempre tenho bastante carinho quando me lembro dele e de Graziela, sua mulher.
Fui à festa de casamento deles, um petit comitê delicioso, e me lembro que antes disso tudo, eu trabalhava na editora que lançou este seu último livro, e ele ia lá entregar trabalhos e me dizia: conheci uma menina. Não sei, vamos ver!
Semana seguinte, acho que vai rolar, mas não quero compromisso... Na outra: ah! Não te contei! Ela está praticamente morando lá em casa...
Até que ele me avisou: vai ter uma festinha no meu apartamento, venha com Isadora comemorar conosco, vamos casar no sábado.
Fiquei feliz por eles, história que eu aompanhava a distância. Levei Isadora comigo, que tinha uns 14 ou 15 anos, e Pericás estava já comemorando fazia tempo, pra lá de Bagdá, charuto em punho, nos recebeu muito feliz por seu casamento. Isadora se sentou em meu colo, e ficamos conversando com Pericás e uns amigos. De repente, charuto em punho, whiski na outra mão, ele disse a Isadora; "Isadora, não se case... Eu não sei por que nós adultos fazemos isso, mas você ainda é jovem..." E trodos caímos na risada! Foi hilário! Na sequência, Graziela passou na sala, e ele já havia esquecido seu discurso inflamado sobre casamentos... era todo olhos e carinho para ela.
Isadora, sempre minha cúmplice, me olhou sentadinha em meu colo. Sabíamos o que havia ali. Sentimento.
Bem, eu costumava me encontrar bastante com Pericás. Pelo menos umas duas vezes por mês tomávamos café, trocávamos ideias sobre livros e ele me passava alguns textos dele pra eu ler. E um desses textos era justamente o livro que foi lançado hoje, Cansaço, a longa estação. Com o tempo, o excesso de trabalho, fomos marcando cada vez menos, até nos falarmos só por e-mail... Coisas de metrópole, de jornadas longas, compromissos familiares e pessoais, essas coisas...
Me lembro de ter lido e dado retorno a ele aqui em casa. Ele veio numa sexta-feira, e falei algumas coisas sobre personagens, narrativa, sobre enxugar um pouco o texto, coisas assim, não me lembro muito bem, faz tanto tempo. Começou a cair uma tempestade lá fora, escureceu, e ele começou na me contar algumas coisas de sua vida . Tomamos um café que fiz na cafeteira de espresso. Como chovia muito, decidi levá-lo para pegar seu carro, que estava estacionado um pouco longe, um cuidado para que ele não se molhasse tanto.
Hoje, anos depois, ele lança seu livro (dentre tantos outros que já lançou), mas este é muito significativo para mim. O fato de ter lido há tantos anos, em impressão de Word ainda, me faz sentir uma leitora avant garde.
Abro as guardas e vejo os créditos: a vida é uma teia delicada que liga amigos e pessoas que se querem bem muitas vezes. Minha grande amiga Raquel Matsushita é a designer da capa... Como gosto muito de Pericás e de Raquel o livro ficou ainda mais simbólico para mim.
A vida é um uroboro. Sorte de quem acredita nisso!